FALSA LIBERDADE

       Perdemos muito tempo na infância desejando a liberdade que imaginamos ter na juventude. 

       A verdade é que quando crescemos não temos liberdade, mas sim responsabilidades pelos atos que cometemos. 

       Liberdade mesmo nem na infância nem mais pra frente. Quando crianças não podemos muitas coisas porque a idade não permite. Quando mais velhos, a consequência nos impede de fazer algumas coisas. 

       O sonho do que virá com o medo do que virá. Novos sonhamos, velhos temos medo. A lei humana, a lei de Deus... ah as leis que nos impedem de errar. Que liberdade temos ou teremos? Feliz do Peter Pan que não cresce mais do que já cresceu. Quem dera fosse eu. 

       Parado olhando através das grades um relógio desses antigos de areia - certamente se tem outro nome, mas eu não sei - vejo minhas raízes no passado e o medo do futuro. No presente somente traumas de escolhas que fiz sem poder ter feito. 

       A liberdade que eu já não tinha no passado se tornou o pesadelo da prisão hoje. Um dia eu volto pra falsa liberdade que é ali fora. Mas preciso parar de escrever agora. Já vieram me encher o saco de novo aqui nesta prisão com ar de falsa liberdade. 

Texto inspirado no DESAFIO DA SEMANA do grupo MAR DE ESCRITORES.

A BIBLIOTECA MÁGICA

       Era uma vez uma menina autista. Tinha apenas dez anos de idade. Devido a seu espectro autista sofria bullying na escola com grande frequência. 

       Apesar disso Tainá, como era chamada a menina usava da imaginação que seu estado proporcionava para viver as mais belas aventuras que a realidade não deixava. 

       Certa vez sua ficção foi sonhar com uma biblioteca mágica onde os personagens de livros ganhavam vida. Tainá se transformou numa menininha aventureira e partiu pra dentro dos livros.

       Nestas viagens ela encontrou vários personagens, heróis e vilões. E a cada dia ela ia parar dentro de um livro. Sem deixar de viver a realidade com deveres de casa e escola ela vivia também a ficção com as historinhas. Fez com esses livros uma biblioteca mágica capaz de ter a natureza dentro dela.

       A menina fez o que André L Dornelas diz: "Faça da sua realidade sua maior ficção. E da sua ficção sua maior realidade.". Fez fantasia com sua vida real e tornou real sua fantasia. Escapava do bullying entrando nas histórias dos livros que ela tinha. 

  Texto inspirado no DESAFIO DA SEMANA do grupo MAR DE ESCRITORES.

VIRADA DE CHAVE

       Não está fácil! Mas já teve pior. Minha mulher e eu não tínhamos a oportunidade de nos amar. 

       Sabe aquela sensação de que está todo mundo contra? Pois é, mas não era só sensação não. Quando ela e eu não estávamos fisicamente no mesmo lugar a gente era bombardeados de palavras negativas vinda dos outros. 

       Diziam que não duraríamos dois meses juntos... tentavam colocar nós dois um contra o outro. Ah eles faziam de tudo pra nos separar. Dava a impressão que haviam mãos sobre nossas cabeças querendo nos manipular, puxar pra longe um do outro. 

       A virada de chave no nosso relacionamento foi quando uma pessoa nos disse: "na vida do casal assuntos de dentro de casa não se leva para a casa dos pais nem de um nem do outro. E assuntos da casa dos pais não se põe dentro da casa do casal." 

       Foi aí que vimos que tudo o que vinha de fora não precisava entrar no nosso relacionamento e o que ela e eu vivia não havia necessidade de contar a ninguém! Passamos a dialogar mais um com o outro e aquelas mãos que queriam nos manipular, jogar contra a gente foi perdendo cada vez mais força. 

       Sabemos que ainda há muitas mãos para jogar contra nós, mas agora já sabemos a tática para não deixar vencer por essas tão perigosas e invejosas mãos: diálogo com Deus, diálogo entre o casal e o filtro daquilo que entra e daquilo que sai de dentro do relacionamento (casa).